Desde os primórdios que o homem tenta
reproduzir sob forma de desenho as mais variadas situações, sejam elas
ideias, objectos, etc. … As cenas de caça eram um dos principais motivos
pois no paleolítico essa era a actividade principal e dela dependia a
subsistência destes homens. Estes tipos de pintura são uma expressão
artística e as teorias mais recentes afirmam que têm ainda um cunho
ritualísta e que foram feitas pelos xamãs do grupo do Cro-Magnon. Em
Portugal são conhecidas mais de trezentas localidades de arte rupestre,
destacando-se os complexos do Vale do rio Côa e do Vale do Tejo.
Hieróglifos Egipcios
Outros povos mais avançados, usavam o desenho mas como uma forma de escrita,
como o caso dos Egípcios e os Maias para expressar ideias. Nestes casos
a comunicação era feita de forma muito mais precisa e detalhada, já que
se trata de uma escrita, mas perde o ponto forte do desenho, ou seja, a
rapidez da percepção da ideia. A escrita foi evoluindo para sistemas
cada vez mais simplificados, os alfabetos. Em paralelo o desenho também
foi evoluindo atingindo representações quase fotográficas por volta do
renascimento é também nesta altura que surgem os primeiros desenhos
técnicos.
O desenho técnico alia a facilidade e
rapidez de interpretação à precisão e detalhe da comunicação escrita,
deixando de parte a expressão artística. Mas nem sempre foi assim,
alguns dos desenhos de Leonardo Da Vinci tentam mostrar de forma técnica
alguns dispositivos, no entanto faltam-lhe detalhe, o detalhe
necessário para os reproduzir de forma fidedigna.
Foi preciso chegar ao século XVIII para que Gaspar Monge
criasse a geometria descritiva, (inicialmente usada na engenharia
militar), para que o desenho técnico perdesse toda a expressão artística
para se tornar numa linguagem técnica universal e sem ambiguidades.
E assim o desenho técnico chegou ao estatuto de linguagem universal.
Ao criar o método diedrico, Gaspar Monge deu
um grande impulso ao desenvolvimento tecnológico. Hoje em dia esse
impulso ainda se propaga ao ponto de todas as áreas técnicas usarem o
mesmo princípio da geometria na representação das mais variadas formas.
Este método foi sendo aperfeiçoado e
simplificado, foram criadas normas para generalizar e uniformizar
praticamente todos os aspectos do desenho técnico.
O conhecimento destas normas é essencial aos
que lidam com desenhos, pois sem elas terão grande dificuldade em
interpretar toda a informação contida num desenho. Imagine um cubo com
um furo vazado numa das faces, agora tente descrever totalmente essa
peça por forma a que a possa entregar para produzir da mesma forma que a
imaginou, por exemplo no Japão:
…A Peça que pretendo é um cubo. Tem de lado 100 mm, ao centro de uma das faces existe um furo vazado, com 20 mm de diâmetro. Todas as peças que se afastem 0,1 mm acima da conta nominal de 20 mm e 0,2 mm abaixo da mesma serão peças consideradas fora da tolerância e por isso não serão consideradas operacionais. Em relação ao furo de 20 é tolerado um desvio simétrico da cota nominal de com um valor não superior a 0,05mm. As faces de cubo devem ser controladas em termos de forma, assim o toleranciamento geométrico admitido para o paralelismo entre as faces é de 0,1 mm…
Relativamente ao material, gostaria que o cubo fosse de alumínio, mas de um alumínio com uma dureza elevada (fica por precisar) As faces do cubo deverão ter uma rugosidade de ….
E a descrição poderia continuar… Repare que
estamos a descrever um simples cubo com um furo vazado. O texto para
além de longo é de difícil compreensão e provavelmente no final da
leitura terá dificuldades em lembrar-se de todos os aspectos. Num
desenho isso não acontece, “uma imagem vale mil palavras” é bem verdade.
O desenho técnico é uma ferramenta muito
poderosa e em tudo espectacular e foi evoluindo muito ao longo dos anos.
Com toda a certeza que ainda há espaço para evoluir, prova disso são as
constantes revisões às normas de desenho. Daí ser essencial manter-se
actualizado com a informação mais recente sobre normas de desenho
técnico.
Cá em Portugal o organismos que comercializa e elabora as normas é o IPQ
(instituto Português de Qualidade). No caso português o IPQ é composto
de 122 Comissões técnicas, tento cada uma delas um domínio diferente de
atuação.
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